Aparelhos de Superar Ausências

E, ainda que não haja nada, algo nos move.

Quando entramos nas redes e nos conectamos com uma parcela da humani- dade, mesmo que seja com seis graus de separação, sentimos o quanto de ódio, preconceitos, vilanias e verdades imutáveis define o nosso estar no mundo.

E também ficamos, por instantes, sem ação, paralisados, quando a multidão berra a voz de um novo corpo, algo ainda incompreensível. Ali nasce uma pré-linguagem que antecede qualquer movimento nomeável. A crise das nar- rativas que aspiram a ser nossa imagem e semelhança cria novos paradoxos. O universo, a Terra, a vida, na sua espantosa diversidade, é pura poesia. Fluxos criativos e de renovação que emergem, para além do bem e do mal, na sua infinita multiplicidade.

Em algum momento de nosso percurso trocamos esses fluxos, que também nos habitam, por uma história escrita em sangue; territorial, egoica, abismal.
O indivíduo é um território tirânico governado por suas pretensas Verdades. Quando somos atravessados pela multiplicidade, por fluxos de infinitas possibi- lidades que nos levam para um campo expandido de estar no mundo, sentimos a estranha e bela experiência de abandonar a ideia insuportável de “termos de ser quem somos”.

Tudo nesse momento pode parecer estéril e, aparentemente, voltar ao seu lu- gar. Mas o lugar já não é mais o mesmo. Não há mais domínio nem território seguro. Temos pedaços, vestígios, um terreno baldio sem vigia, espaço de aban- dono e silêncio, onde a falta é condição do desejo. Nascem, então, por entre as rachaduras do concreto, pequenas e ainda frágeis raízes, que, conectadas nos invisíveis subterrâneos, aos poucos, preenchem com vida as frestas de tudo que quer imutável. Que nesse instante diferentes vozes possam ecoar.

Ficha Técnica

APARELHOS DE SUPERAR AUSÊNCIAS
OCUPAÇÃO OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE

NÚCLEO ARTÍSTICO:
Phila7 – concepção, criação e direção geral
Beto Matos
Marcos Azevedo
Marisa Riccitelli Sant ́ana
Mirella Brandi
Rubens Velloso

TRAMATURGIA
Beto Matos, Marcos Azevedo e Rubens Velloso

DIREÇÃO ARTÍSTICA
Rubens Velloso

PERFORMERS
Andrea Tedesco
Joana Dória
Adriane Gomes
Beto Matos
Clóris Paris
João Paulo Azevedo
Marcos Azevedo
Samuel Vieira
Thais de Almeida Prado

ILUMINAÇÃO
Designer de Luz: Mirella Brandi
Equipamentos: DSI Iluminação
Operadora e Assistente: Isadora Giuntini
Montagem: Alexandre José de Souza

NÚCLEO DE ARTE DIGITAL
Eduardo Fernandes aka Eduzal
Ricardo Palmieri aka VJPalm
Operadora Camera: Fernanda Vinhas

FIGURINOS
Cacá Semiatzh
Bia Rivato
Assistência de Figurino: Mariane Imperia
Costureira: Benê Calixto

TRILHA SONORA

MUEPTEMO
Montagem e Operação: Silvio Romualdo

PRODUÇÃO e ADMINISTRAÇÃO

Coordenação de Produção: Paula Malfatti
Assistente Financeiro: Matuska Ribeiro
Fotografo: Ricardo Ferreira e Melina Resende
Assessoria de Imprensa: Sylvio Novelli Comunicações
Assistente de Produção: Maya Mecozzi
Cenotécnico: José Alves Dahora
Site e designer gráfico: Eduardo Fernandes aka Eduzal
Divulgação facebook: La Mosca
Produção: Marisa Riccitelli Sant ́ana

OBSERVADORES PARTICIPATIVOS
Clóris Paris
Fernanda Vinhas
João Paulo Azevedo Maya Mecozzi
Samuel Vieira
Thais de Almeida Prado

NÚCLEO DE AÇÃO E REFLEXÂO
Cristiane Zuan Esteves;
Eduardo Fernandes aka Eduzal
Lúcio Agra;
Lílian Amaral.
Ricardo Palmieri aka VJPalm

TEXTOS ADICIONAIS
Samuel Beckett, Manoel de Barros, Herberto Helder, Gary Snyder