Occupy All Streets é uma intervenção imagético-performática que busca uma poética para os movimentos que se articulam nas redes e nas ruas, e em vários níveis simbólicos: as vias do coração, das mentes, da arte, do coletivo, do aberto, do sensível, de tudo que reconstitui e amplia o nosso entendimento do que é “viver junto”.

A partir de uma convocatória pela internet para micro vídeos de até um minuto, o Phila7 estabeleceu dois vetores: 1º. quais os conteúdos a serem propostos para os produtores desses vídeos; 2º. em que medida essas imagens, juntamente com a intervenção performática, poderiam atravessar as outras obras, gerando uma interferência de ampliação. Sem nenhum controle sobre o conteúdo final dos vídeos mas, independente da quantidade ou da qualidade, deviamos reelaborá-los da forma mais potente. 
Tendo como base as propostas do Transperformance, quanto à interferência e atravessamento entre obras, concluimos que não seria justo nem ético interferir nestas obras sem uma compreensão das qualidades que emergiriam nestes atravessamentos. Assim nasceu Occupy All Streets. Pensamos em uma superfície de eventos com “tramaturgia” porosa, que possibilitasse que todas as linguagens que habitam o Transperformance pudessem se cruzar num espaço de singularidade. As questões do corpo, cidade e palavra se manifestam fortemente através das redes, e também nos “deslocamentos de indignação” que reunem, em pontos da cidade, corpos e vozes repletos de inquietude. Assim, pedimos que os vídeos enviados fossem registros de deslocamentos. Juntamente com uma ação performática, os vídeos, editados e recombinados, são projetados dentro do Oi Futuro, criando uma interferência e um chamamento: Na Rua, um grande encontro de artistas, do lado de fora do prédio, no seu entorno; um processo poético e simbólico de ocupação.
Precisavamos, então, de uma idéia de praça, que unificaria o dentro e o fora do prédio do Oi Futuro, gerando, através da imagem e da presença, um espaço de singularidade. Buscamos uma sequencia fílmica que, somada aos vídeos de deslocamento, fizesse nascer a potência da palavra, a potência do corpo e sua relação com as questões das cidades. O discurso de Domênico, em “Nostalgia” de Andrei Tarkovsky , faz emergir estas questões de forma clara e impactante. A rua como uma ampliação do que acontece na imagem, a presença dos corpos em estado performático, harmonizam a idéia poética que, naquele breve momento, vai emergir. 
O nosso desejo é a construção de uma inteligência coletiva, que se comunique, se atrite, se friccione, num exercício de ocupação pela arte, nos espaços onde ainda se permite que ela aconteça.

Vídeos:

Vídeo editado a partir da convocatória de micro-vídeos “Occupy all Streets” do phila7 para a intervenção imagético-performática no Transperformance/ Oi Futuro 2011

Vídeo: TRAMAS: Mostra Indoor – Transperformance
SINOPSE: Entre 2006 e 2008, o Phila7 participou de dois espetaculos (Play on earth e What’s Wrong with the World) que uniram três continentes pela rede.TRAMAS cria um espaço virtual unificado utilizando apenas as imagens das três companhias: Phila7 (Brasil), Theatreworks (Singapura) e Station House Opera (Inglaterra), com performers coordenados por uma tramaturgia comum. Uma outra relação entre espaço e tempo. O que o oceano separa, uma rede une.